
13/10/2019

A Guerra da Síria vista pelos olhos de uma menina De um lado, uma menina judia que passou anos escondida no Anexo Secreto tentando sobreviver à guerra de Hitler.
De outro, uma garota síria que sonha ser astrônoma e vê seu mundo girar após a eclosão de um conflito que ela nem mesmo compreende. Mesmo separadas por mais de setenta anos, Anne Frank e Myriam Rawick têm um elo comum: ambas são símbolos de esperança e resistência contra os horrores de um país em guerra e acreditam no poder das palavras.
O Diário de Anne Frank emocionou leitores de todos os cantos do mundo, e agora é hora de conhecer O Diário De Myriam.
“Meu nome é Myriam Rawick, eu tenho treze anos. Cresci em Jabal Sayid, o bairro de Alepo onde nasci. Um bairro que não existe mais.”
De um lado, uma menina judia que passou anos escondida no Anexo Secreto tentando sobreviver à guerra de Hitler. De outro, uma garota síria que sonha ser astrônoma e vê seu mundo girar após a eclosão de um conflito que ela nem mesmo compreende. Mesmo separadas por mais de setenta anos, Anne Frank e Myriam Rawick têm um elo comum: ambas são símbolos de esperança e resistência contra os horrores de um país em guerra e acreditam no poder das palavras.
O Diário de Myriam é um registro comovente e verdadeiro sobre a Guerra Civil Síria. Escrito em colaboração com o jornalista francês Philippe Lobjois, que trabalhou ao lado de Myriam para enriquecer as memórias que ela coletou em seu diário, o livro descortina o cotidiano de uma comunidade de minoria cristã que sofre com o conflito através dos olhos de uma menina.
Sua infância destruída por “coisas adultas”, Myriam Rawick tinha apenas oito anos quando começou a registrar suas terríveis experiências durante o cerco a Aleppo, a segunda cidade da Síria.

“Meu nome é Myriam, eu tenho treze anos. Cresci em Jabal Sayid, o bairro de Alepo onde nasci. Um bairro que não existe mais.”
O Diário de Myriam é um registro comovente e verdadeiro sobre a Guerra Civil Síria. Escrito em colaboração com o jornalista francês Philippe Lobjois, que trabalhou ao lado de Myriam para enriquecer as memórias que ela coletou em seu diário, o livro descortina o cotidiano de uma comunidade de minoria cristã que sofre com o conflito através dos olhos de uma menina.
O livro apresenta a perspectiva de uma menina que teve sua infância roubada ao crescer rodeada pelo sofrimento provocado pela Guerra da Síria, iniciada em 2011. Myriam começou a registrar seu cotidiano após sugestão da mãe, que propôs que ela contasse tudo aquilo que viveu para, um dia, poder se lembrar de tudo o que aconteceu. Escrito entre novembro de 2011 a março de 2017, o diário alterna entre as doces memórias do passado na cidade de Alepo e os dias doloridos e carregados de incertezas.
Com a sensibilidade de uma autêntica contadora de histórias, a menina narra a preocupação crescente de seus pais com as notícias na TV, as pinturas revolucionárias nos muros da escola, as manifestações contra o governo, a repressão, o sequestro de seu primo e, por fim, os bombardeios que destroem tudo aquilo que ela conhecia.
O Diário de Myriam:
A guerra da Síria vista pelos olhos de uma menina
O livro foi o vencedor do Prêmio L’Express-BFMTV 2017 na categoria Ensaios, em votação feita pelos leitores, é o tipo de livro que fica mais próximo do coração de cada um, pois foi escrito de forma simples e verdadeira.
“Acordei uma manhã ao som de coisas quebrando, pessoas gritando: Allahu Akbar! ('Deus é o maior' em árabe)”
- Myriam
O testemunho de Myriam faz um convite à reflexão do agora e estimula o leitor a entender e questionar o mundo que estamos construindo ― além de ser um exercício de empatia pela dor do outro.A Guerra da Síria deixou mais de 400 mil mortos e transformou 5 milhões de pessoas em refugiadas ao longo dos últimos sete anos, impulsionando o maior deslocamento de pessoas no mundo após a Segunda Guerra Mundial. Myriam é apenas uma entre milhões de vozes que sofrem diariamente, mas suas palavras conseguem falar por muitas delas.

“Eu estava com tanto medo que queria vomitar. Eu abracei minha boneca com força, dizendo:
'Não tenha medo, não tenha medo, estou aqui com você'. ”
- Miryam Rawick
A crônica emocionante, traduzida do árabe para o francês e publicada na quarta-feira, relata como a família cristã da classe trabalhadora de Myriam teve que abandonar seu bairro em Aleppo quando militantes os ordenaram que partissem.
"Quando a guerra começou, mamãe me incentivou a manter um diário. Eu pensei que desta maneira um dia eu poderia lembrar o que aconteceu." - disse Myriam, agora com 13 anos, em uma entrevista.
Foi o jornalista francês Philippe Lobjois que soube de Myriam e de seu diário e percebeu que isso proporcionava uma janela para a guerra por dentro. “Le Journal de Myriam” (Diário de Myriam), que abrange o período de novembro de 2011 a dezembro de 2016, foi o resultado.
"Alepo era um paraíso, era o nosso paraíso", escreveu Myriam no diário.
A garota que gosta de desenhar e cantar nunca esquecerá os dias sombrios de março de 2013, quando "homens vestidos de preto" forçaram sua família a fugir.
“Corri para colocar meus livros na minha mochila. Eu amo livros, não posso ficar sem eles. Coloquei dois anoraques, um em cima do outro, para me proteger de balas perdidas."
- Miryam
A família chegou à parte ocidental da cidade, que estava sob controle do regime, mas ainda era regularmente alvo de bombas rebeldes.
“Os mísseis me assustaram mais. Uma noite, eu estava indo para a cama quando o céu ficou vermelho com um barulho ensurdecedor. Um míssil caiu na rua ao lado de nós estávamos. Meus pais nos deram açúcar, dizendo que isso nos ajudaria a ter menos medo ... mas eu achei que isso não mudou nada para mim!” - trecho do relato de Miryam escrito em seu diário.
O diário lembra como a família se refugiou com um vizinho.
“Meu colchão estava na frente de uma janela de sacada e eu tinha medo de vidraças, que pudessem ser quebradas. Sou bonita, não quero ser desfigurada ”, brincou ela na entrevista à AFP.
Título: O Diário De Miryam - Miryam Rawick
Autor: Phillip Lobjois
Editora: Darkside; Edição: 1 (5 de julho de 2018)