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Na Raça: Guilherme Benchimol




13/09/2020


A ascensão da XP, desde o início modesto numa sala de 25 metros quadrados até se tornar uma empresa de dezenas de bilhões de reais.

Uma das mais bem-sucedidas histórias de empreendedorismo do Brasil começou com uma demissão. Em 2001, Guilherme Benchimol iniciava sua carreira no mercado financeiro carioca quando perdeu o emprego. Envergonhado, decidiu fugir do Rio de Janeiro: pegou o carro e dirigiu quase 20 horas até Porto Alegre, onde, longe dos principais centros financeiros do país, fundou uma modesta empresa de investimentos, a XP, numa salinha de 25 metros quadrados.

Hoje, a XP vale dezenas de bilhões de reais — e Guilherme é multibilionário.


Na raça: como Guilherme Benchimol criou a XP e iniciou a maior revolução do mercado financeiro brasileiro

Uma década depois da fundação, a XP deu origem a uma revolução na vida financeira dos brasileiros ao criar sua plataforma aberta de investimentos. Com isso, tirou centenas de milhares de clientes dos bancos e forçou a concorrência a apostar em inovação também — uma prova de que essa história está longe de chegar ao fim.

Em 2014, a XP captava 500 milhões de reais por mês, em média. Em 2017, esse valor já era de 4 bilhões de reais. Em abril desse mesmo ano, a XP tinha 85 bilhões de reais sob custódia e mais de 400 mil clientes. Foi então que o Itaú e outros bancos perceberam a realidade: estavam diante de uma empresa disruptiva, daquelas que viram um setor inteiro de pernas para o ar.



Tudo começou com um sonho ...

Com a infância marcada pela separação dos pais, Guilherme teve uma vida dupla durante a adolescência: durante a semana, morava com a mãe em um apartamento de classe média e aos fins de semana jogava tênis com o pai no Jockey Club, um dos redutos da elite carioca. Prestes a tentar o vestibular, Guilherme assistiu a uma palestra de Luiz Cezar Fernandes, do banco Pactual, e decidiu: “Chega de passar perrengue!


A jornalista Maria Luíza Filgueiras, autora da biografia do CEO da XP, acompanhou a sua trajetória pessoal e empresarial durante nove anos. Como jornalista, entrevistou dezenas de executivos, incluindo o próprio Guilherme, para narrar os detalhes dessa história de sucesso, também marcada por muitos momentos de dificuldade - que daria um ótimo roteiro cinematográfico, bem ao estilo À Procura Da Felicidade

Nos primeiros anos, o fundador topava qualquer coisa para evitar a falência. Panfletou nos bairros chiques de Porto Alegre, vendeu o carro para pagar as contas, pediu dinheiro para amigos, deu aula de investimento em ações, organizou palestras para médicos em hospitais e comprou e vendeu vale-refeição na porta de fábricas. A  autora evidência que em certo momento, para evitar a iminente falência durante os primeiros anos, foi preciso uma dose de criatividade e sacrifício! Nos anos seguintes, trocou sócios, engordou, emagreceu .... Foi tudo, como ele mesmo costuma dizer, “na raça”. Valia de tudo para manter a XP viva.


O livro sobre a XP Investimentos que traz lições a partir de um fracasso



A história da empresa que ajudou a mudar a dinâmica da indústria de investimentos não se conta apenas pelos bilhões acumulados nas contas de Guilherme Benchimol e seus sócios nem no estrondoso sucesso esperado para o IPO - Ofertas Públicas Iniciais.

O principal trunfo do livro foi justamente trazer à luz os bastidores da empresa e dos vários fracassos pessoais e profissionais que levaram Benchimol a estar no lugar e momento mais inusitados para reconstruir sua vida e trajetória. O lugar é Porto Alegre, onde foi parar depois de ser demitido da corretora onde trabalhava, ainda no começo da carreira. E o momento é 2001, logo após o estouro e a popularização da internet e um ano antes da crise que antecedeu a primeira eleição de Lula.

O livro também mostra as dificuldades de se estar longe demais das capitais e dos centros financeiros – e num ciclo de baixa do mercado e da vida pessoal de Benchimol – ajudou a forjar a cultura da XP. O que de longe parece uma trajetória planejada milimetricamente na verdade foi marcada por uma série de improvisos e alguns lances de sorte.


Ao ler o livro, descobri que o plano original para o IPO não era levado a sério, e que os sócios da XP já haviam tentado algumas vezes se unir a um grande banco. Todas essas passagens são retratadas em detalhes – o processo de negociação com o Itaú certamente é um dos pontos altos. Ela também não deixa de abordar temas mais espinhosos, como a quantidade de “ex-sócios” que a XP deixou pelo caminho, incluindo o cofundador Marcelo Maisonnave.

Como não poderia ser diferente, a versão da história – ou a “narrativa”, como se diz nesses tempos de polarização – é a do vencedor – no caso, Benchimol. Certo ou errado na forma como lidou com os antigos parceiros, foi assim que conseguiu levar a empresa ao patamar de atual.

𝕏 Não há no livro uma reflexão mais longa a respeito de questões como o conflito de interesses no modelo de agentes autônomos – que não têm salário fixo e, por isso, têm um estímulo natural a vender aos clientes os produtos que lhes pagam mais.

Na Raça tem muito a ver com a garra, vontade, atitude e foco do seu protagonista. Acredite! O livro despertará em você o desejo de estudar sobre INVESTIMENTOS. Eu considero como leitura obrigatória para os estudantes de Economia e Administração. 


A   AUTORA

Formada em jornalismo com especialização em economia e finanças, Maria Luíza Filgueiras trabalhou nos maiores veículos nacionais de negócios, como Gazeta Mercantil, revista Exame e Valor Econômico. Está entre as jornalistas de economia, negócios e finanças mais admiradas do país, segundo premiação feita pelo Jornalistas&Cia e Maxpress.

Maria Luíza acompanhou a XP por nove anos como jornalista de economia, negócios e finanças. Durante os dois anos de entrevistas e preparação de Na raça, entrevistou 62 executivos e somou 107 horas de entrevistas – cerca de 18 horas somente com Benchimol.

Além da cobertura diária, a jornalista falou com antigos e atuais sócios, advogados e analistas que acompanharam ou participaram da trajetória da XP em 107 horas de entrevistas. Mas a principal fonte foi o próprio Benchimol, cuja foto estampa a capa do livro.



FICHA TÉCNICA

Título: Na Raça: Como Guilherme Benchimol criou a XP e iniciou a maior revolução do mercado financeiro brasileiro
Autor: Maria luíza Filgueiras
Editora: Intrínseca; Edição: 1 (26 de novembro de 2019)
Gênero: Administração, Negócios e Economia






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