Todo ano, milhares de pessoas são traficadas e submetidas a condições desumanas de serviço e impedidas de romper a relação com o empregador. Não raro, são impedidas de se desligar do trabalho até concluírem a tarefa para a qual foram aliciadas, sob ameaças que vão de torturas psicológicas a espancamentos e assassinatos. Pessoas que têm sua dignidade arrancada por um regime de trabalho escravo.
Este livro, organizado por Leonardo Sakamoto, reúne grandes especialistas nacionais e estrangeiros que mostram o que é o trabalho escravo contemporâneo, sua história recente, como ele se insere no Brasil e no mundo, o que tem sido feito para erradicá-lo, e por que tem sido tão difícil combatê-lo. Uma obra necessária, uma ferramenta para uma das mais importantes batalhas de nosso tempo. Afinal, enquanto qualquer ser humano for vítima de trabalho escravo, a humanidade não será, de fato, livre.
17/08/2020
Escravidão Contemporânea reúne especialistas de diferentes áreas, do Brasil e de fora, para tratar do trabalho escravo moderno. A obra foi organizada pelo jornalista e conselheiro das Nações Unidas Leonardo Sakamoto e é uma ferramenta nesta silenciosa, porém, cruel batalha.
Confira um pouco sobre essa importante obra abaixo!

Em Escravidão Contemporânea cada capítulo é escrito por um especialista - brasileiro ou estrangeiro - no assunto. Nesta obra o leitor vai se deparar com vários textos que abordam o que tem sido feito em relação à escravidão contemporânea, por que é tão difícil combatê-la e as condições desumanas às quais as vítimas da escravidão moderna são submetidas. Com uma formação diferente, cada convidado dá a perspectiva da sua área de atuação desde auditores fiscais, passando por procuradores e ativistas. O livro veio à tona em um ano especial: 2020, neste ano completamos 25 anos de combate ao trabalho escravo no Brasil.
Entre os especialistas com textos no livro estão Kevin Bales, professor na Universidade de Nottingham; Mike Dottridge, ex-diretor da Anti-Slavery International; e Xavier Plassat, frei dominicano que atua há 35 anos atendendo vítimas do trabalho escravo na Amazônia.
A escravidão tem mudado de contornos ao longo das décadas e, também por esse motivo, vem sendo alvo de uma série de estudos que tentam compreender o fenômeno.
Os capítulos foram escritos por alguns dos principais especialistas estrangeiros e brasileiros, incluindo atores ligados diretamente ao enfrentamento ao trabalho escravo no Brasil, como auditores fiscais do Trabalho, procuradores do Trabalho e representantes da sociedade civil. A coordenadora do programa Escravo, nem pensar!, Natália Suzuki, escreveu um artigo sobre o perfil dos trabalhadores resgatados, em parceria com Xavier Plassat, coordenador nacional da Campanha de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra.
O livro de Leonardo Sakamoto é uma obra necessária, ferramenta para uma das mais importantes batalhas de nosso tempo. Afinal, enquanto qualquer ser humano for vítima de trabalho escravo, a humanidade não será, de fato, livre.
É sobre este tema urgente que discorrem os oito artigos mais introdução e posfácio deste livro escrito por especialistas nas discussões envolvendo o trabalho escravo e sua persistência mesmo em pleno século XXI.
Na introdução de Leonardo Sakamoto há tanto a contextualização acerca da escravidão contemporânea no Brasil, especialmente, bem como a conceituação do termo apresentando "o que é o trabalho escravo contemporâneo, sua história recente, como ele se insere no Brasil e mundo e o que tem sido feito para erradicá-lo".
A distinção especialmente entre escravidão colonial e o trabalho escravo contemporâneo será novamente discutida no posfácio, A herança do racismo, em que Raissa Roussenq Alves lembra que:
"por mais que não se esteja afirmando que escravidão colonial e contemporânea sejam a mesma coisa, pois não são, é imprescindível considerar o racismo, entendido como ideologia que estrutura a sociedade brasileira, perpassa todos os âmbitos das relações sociais, o que é determinante para o sucesso do modo de produção capitalista. [No] que vale lembrar que muitas práticas escravistas consideradas "novas", como servidão por dívida, já existiam no Brasil desde a escravidão colonial" de modo que a autora lembra que "pensar a erradicação do trabalho escravo contemporâneo e reinserção dos trabalhadores resgatados em condições dignas de vida e trabalho implica enfrentar as hierarquias raciais e regionais que estruturam nossa organização enquanto sociedade".

Fonte: Fanpage Editora Contexto, publicação: 04/06/2020
"Organizado por Leonardo Sakamoto, este livro mostra o que é o trabalho escravo contemporâneo, como ele se insere no Brasil e no mundo, o que tem sido feito para erradicá-lo e por que tem sido tão difícil combatê-lo". - Nota da Editora
Histórias De Liberdade
André Esposito Roston
CAPÍTULOS
Histórias De Liberdade
André Esposito Roston
Dentre os artigos, o livro começa com "Histórias de liberdade" em que o fiscal do trabalho André Esposito Roston compartilha algumas [e dramáticas] experiências de libertação de trabalhadores em regime análogo ao escravo. Dando conta do atraso e primitivismo anti-civilizatório da prática diz ele "fiscalizar denúncias de trabalho escravo em regiões e setores que nunca foram fiscalizados é um mergulho no passado".
A História Da Proibição Da Escravidão
Mike Dottridge
A História Da Proibição Da Escravidão
Mike Dottridge
No artigo seguinte Mike Dottridge em "A história da proibição das escravidão" vai contextualizar o debate em espacial no âmbito das Nações Unidas, ONU.
O Trabalho Escravo Após A Lei Áurea
Ricardo Rezende Figueira
O Trabalho Escravo Após A Lei Áurea
Ricardo Rezende Figueira
Em "O trabalho escravo após a Lei Áurea", Ricardo Rezende Figueira acabada trazendo certa perspectiva histórica ao trabalho escravo no Brasil, especialmente suas relações e disseminação em determinados ciclos econômicos como o da borracha.
Como O Brasil Enfrenta O Trabalho Escravo Contemporâneo
Tiago Muniz Cavalcanti
Como O Brasil Enfrenta O Trabalho Escravo Contemporâneo
Tiago Muniz Cavalcanti
Em "Como o Brasil enfrenta o trabalho escravo contemporâneo", de Tiago Muniz Cavalcanti, o autor antes de mais nada procura construir "um conceito de escravidão a partir da desconstrução dos estereótipos".
O Perfil Dos Sobreviventes
Natália Suzuki e Xavier Plassat
O Perfil Dos Sobreviventes
Natália Suzuki e Xavier Plassat
Já em "O perfil dos sobreviventes" Natália Suzuki Xavier Plassat "investiga quem é o trabalhador escravo atualmente, quais as formas de submissão impostas pelos modos de produção atuais e o que tem sido feito para combater essa prática criminosa".
Como O Mundo Enfrenta O Trabalho Escravo Contemporâneo
Renato Bignami
Como O Mundo Enfrenta O Trabalho Escravo Contemporâneo
Renato Bignami
Renato Bignami por sua vez em "Como o mundo enfrenta o trabalho escravo contemporâneo" procura apresentar "a intensidade e a diversidade pelas quais o trabalho escravo contemporâneo se expressa ao redor do mundo e como os Estados vêm desenvolvendo políticas e mecanismos de enfrentamento aos ilícitos correlatos".
Trabalho Escravo Contemporâneo: Um Negócio Lucrativo e Global
Siobhãn Micgrath e Fabíola Mieres
Trabalho Escravo Contemporâneo: Um Negócio Lucrativo e Global
Siobhãn Micgrath e Fabíola Mieres
"Trabalho escravo contemporâneo: um negócio lucrativo e global" de Siobhán McGrath e Fabiola Mieres faz um apanhado do problema em termos globais e diante da globalização do trabalho escravo contemporâneo, cuja uma das facetas é também o tráfico humano.
O Impacto Da Escravidão Nas Mudanças Climáticas
Kevin Bales
O Impacto Da Escravidão Nas Mudanças Climáticas
Kevin Bales
Por fim, "O impacto da escravidão nas mudanças climáticas", de Kevin Bales "traça paralelos entre vulnerabilidade, deslocamentos e trabalho escravo, demonstrando como este fenômeno é intimamente ligado à destruição ambiental" o que nos traz uma interessante e diversa observação numa outra faceta do problema, não menos alarmante que as demais.
A obra é uma leitura mais do que necessária. A obra trata profundamente de uma chaga arraigada nas estruturas sociais espalhadas pelo mundo, e como vimos, cada qual com suas formas e práticas particulares. Nenhuma sociedade que queira civilizar-se pode conceber formas de escravidão, seja qual for seu conceito. Os números trazidos são alarmantes, na casa dos milhares, e mesmo que fossem dúzias, a erradicação de todo e qualquer serviço forçado ou escravo deve ser um compromisso ético de cada um de nós.
O não envolvimento ou o dar de ombros a milhares de pessoas que vivam em condições de escravidão contemporânea é cumplicidade para com exploradores e escravistas.
Vivemos tempos que talvez nem todos saibam o que significa as ações do Estado procurando destruir as atividades fiscalizatórias neste país. É preciso compreender que tais ações são intenções e projetos políticos, no caso projetos que visam não proteger ao mais fraco nestas relações, mas sim os infratores, os escravistas e exploradores. Escravidão contemporânea é também uma obra para apresentar avanços e para lutar contra possíveis retrocessos.
A escravidão foi abolida no Brasil no século XIX. No entanto, todo ano, pessoas são traficadas, submetidas a condições desumanas de serviço e impedidas de romper a relação com o empregador. Não raro, sofrem ameaças que vão de torturas psicológicas a espancamentos e assassinatos.
Temas Sociais | 192 Páginas| Editora Contexto
Escravidão Contemporânea
Leonardo Sakamoto*
Ano 2020

* Contribuíram para a construção desta obra os autores: Leonardo Sakamoto, André Esposito Roston, Fabiola Mieres, Kevin Bales, Mike Dottridge, Natália Suzuki, Raissa Roussenq Alves, Renato Bignami, Ricardo Rezende Figueira, Siobhán McGrath, Tiago Muniz Cavalcanti, Xavier Plassat.