
Preciosa Diamantina, na virada do século 19, uma menina escreveu seu diário de adolescente, que se tornou um clássico de nossa literatura Em suas linhas, uma cidade surge como personagem. E é ela que está no centro dessa história
(Fonte: FolhaUOL/Helena Solberg)
12/11/2020
Pouco após a abolição da escravatura e a proclamação da república no Brasil, Helena Morley (Ludmila Dayer) começa a escrever um diário. O seu cotidiano e os acontecimentos que marcaram aquela época foram descritos sob o olhar de adolescente, pobre, mas com estudo do século XIX.
Nesse momento da vida Helena é magra, desengonçada e sardenta, além de se achar feia. Não é boa aluna nem comportada como sua irmã Luizinha, tendo o apelido de "Tempestade". É neste diário que Helena debocha e desmascara as pretensas virtudes alheias. Procurando com sofreguidão não perder uma infantil alegria de viver, e reinventando o mundo à sua maneira.
Veja resenha do livro aqui 📗
O livro foi adaptado, em 2003, para as telas do cinema e ganhou vários prêmios, inclusive seis Kikitos no Festival de Gramado. O filme foi dirigido por Helena Solberg e a atriz Ludmila Dayer interpretou a protagonista, Helena Morley.

A família de sua mãe é rica, mas Helena vive na pobreza!
Sua mãe, ao contrário das outras irmãs, casou por amor, com o filho de um médico inglês protestante. O pai sonhador continuou tentando achar diamantes, mas as lavras da cidade nada produziam. O tio materno não permitiu que a avó, que adorava Helena, ajudasse a filha e sua família financeiramente.
Helena com sua inteligência, aparência e senso crítico foi logo odiada pelo tio que deseja as atenções da matriarca para sua própria filha, Naná, a neta perfeita e educada no colégio de freiras.
A família de Helena é pródiga em tipos excêntricos e conta com o racismo “cordial” do Brasil pós-Abolição - O pai de Helena no livro despreza os negros. No filme esse comportamento fica a cargo de outros parentes, como o seu tio materno, por exemplo.

Ludmila Dayer, apesar de não ser mais adolescente, consegue criar uma menina espevitada, que questiona tudo e todos - a diretora disse em uma entrevista que quando a viu no teste, não pensou em escolhê-la, mas bastou que ela tirasse a maquiagem, soltasse os cabelos e colocasse os pés no chão para virar a Helena Morley. Já a personalidade da mãe de Helena, vivida pela atriz Daniela Escobar era triste demais, no livro ela não era tão depressiva assim.
Uma das cenas que mais me marcou do longa é quando Helena e os irmãos chegam à casa da avó sem terem comido nada, passavam tamanha necessidade por conta dos sonhos do pai que não tinham nada na dispensa. A mãe não pedia ajuda por vergonha, mas a avó pega suas economias e dá para a neta dizendo: “Entregue à sua mãe somente quando chegar em casa”.
Quando Helena se apaixona - a descoberta do amor - também foi bem feita e convincente.

O filme poderia ser melhor, faltou ritmo em alguns momentos. As cenas pareceram pausadas demais em alguns momentos, faltou continuidade nas cenas. Alguns atores não se encaixaram em seus papéis. Já a fotografia e a trilha sonora foram maravilhosas. Eu acho que foi difícil gravar um roteiro baseado em um livro de memórias que até certo ponto eram fragmentadas.
Mas, não classifico o filme como ruim! Ele é fiel ao livro ( com exceção de dona Carolina ). O destaque do filme fica por conta da atriz Ludmila Dayer. Em, geral, digo que é um bom filme.
PREMIAÇÕES
📽 Festival do Rio 2004 – Melhor Filme
📽 32º Festival de Gramado – Melhor Filme, Direção de Arte, Roteiro, Fotografia e Música
📽 Festival do Rio 2004 – Melhor Filme
📽 32º Festival de Gramado – Melhor Filme, Direção de Arte, Roteiro, Fotografia e Música
FICHA TÉCNICA
Título Original: Vida De Menina
Elenco: Ludmila Dayer, Daniela Escobar, Dalton Vigh, Maria de Sá, Camilo Bevilacqua, Lígia Cortez, Lolô Souza Pinto, Benjamin Abras, Guilherme Toledo, entre outros
Duração: 1h 40min
Direção: Helena Solberg
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Título Original: Vida De Menina
Elenco: Ludmila Dayer, Daniela Escobar, Dalton Vigh, Maria de Sá, Camilo Bevilacqua, Lígia Cortez, Lolô Souza Pinto, Benjamin Abras, Guilherme Toledo, entre outros
Duração: 1h 40min
Direção: Helena Solberg
Plataforma: Europa Filmes / M.A Marcondes
Classificação: Recomendado para todas as idades