
10/05/2020

Ariano Suassuna: vida e obra
Intelectual, poeta, dramaturgo, Ariano Suassuna (1927-2014) deixou um legado para o Brasil dando voz especialmente o nordeste do nosso país. Com uma obra extensa composta por poemas, folhetins, romances e peças de teatro. Ariano Suassuna é lembrado como um dos maiores nomes da literatura brasileira.
"Ariano Suassuna construiu um universo em expansão de personagens e histórias que se prolifera através dos anos, para revelar que tudo o que compôs se interliga."
- Carlos Newton Júnior
As décadas de 1950 e 1960 marcaram o período mais produtivo de Ariano Suassuna (1927-2014). Foi nessa época que o escritor paraibano imaginou os personagens sertanejos que povoaram peças de teatro, romances e poemas, e que ganhariam fama crescente. Hoje fazem parte da cultura popular brasileira, por causa das adaptações de sucesso para cinema, teatro e televisão, sempre com supervisão do criador.
De 1958 a 1970, escreveu sua obra maior, o romance armorial “O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” ou simplesmente “A Pedra do Reino”, de 1971. Seu projeto era fazer a sua obra orbitar em torno de uma trilogia que incluía o livro, num entrelaçamento de personagens e aventuras ambientado no sertão nordestino dos anos 1930. Pela primeira vez, um autor lusófono combinava as sagas de cordel nordestino e as narrativas de cavalaria europeias, filtrando todas elas através do ponto de vista do romance “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, a paródia suprema da cavalaria medieval.
Ariano criou um protagonista e narrador fantasioso, Dom Pedro Dinis Quaderna, fiscal de impostos e bibliotecário de Taperoá, contador de histórias irremediavelmente embriagado pelo vinho do Rio Grande e pelas epopeias sertanejas e ibéricas. O projeto original era batizar a trilogia de “Quaderna, o decifrador”, que compreenderia os livros “A Pedra do Reino”, “O rei degolado” e “Sinésio, Alumioso”. Mas não conseguiu concluí-lo. Nesse ínterim, o escritor empilhou uma quantidade enorme de textos datilografados que o mercado consumidor de cultura não deu conta de absorver. Assim, ficaram pelo caminho diversas aventuras.
MINISSÉRIE
O trauma infantil - Ariano em 1928: a morte do pai, assassinado em 1930, influenciou profundamente as suas narrativas, ambientadas no sertão da Paraíba
2 de 8 Trauma infantil - Ariano em 1928: a morte do pai, assassinado em 1930, influenciou profundamente as suas narrativas, ambientadas no sertão da Paraíba
Casa natal - Ariano nasceu em João Pessoa-PB, mas manteve uma ligação com o sertão. Ao longo da vida, revezou temporadas na capital e em Taperoá, onde manteve a fazenda familiar.
Ariano foi um homem bastante engajado com a política - apoiador convicto de Lula (Luís Inácio Lula da Silva), defendeu o ex presidente do Brasil em todos os momentos, inclusive diante dos escândalos políticos que balançaram o seu então governo. Em uma série de entrevistas Ariano afirmou publicamente que Lula foi o maior Presidente que o Brasil já teve.
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
MORTE
ALGUMAS FRASES DE ARIANO SUASSUNA
Ariano Suassuna escreveu muito ao longo de toda a sua carreira. Suas publicações atravessam os gêneros literários e, para além da ficção e do teatro, o criador também deu à luz a poemas e ensaios. Suas obras foram traduzidas para o alemão, para o espanhol, para o francês, para o holandês, para o inglês, para o italiano e para o polonês.
POEMA INÉDITO
CANTO POPULAR DA PAIXÃO
(Poema Cantável)
CORO: Com o Manto Escarlate do Sangue do Rei lá vai o Coroado
ESTROFES:
Cravo Roxo dolorido
nunca fez mal a ninguém
mas a Pantera da Morte
há de sangrá-lo também.
Cortou-lhe a Carne sem mancha
a correia da Chibata.
Suou sangue em Gota Forte,
brilha o sangue em luz de Prata.
Nossa Maldade tirana
quis assim vê-la sangrada:
de uma Coroa de Espinhos
vai-lhe a Fronte cravejada.
Sete Quedas matadeiras
levou Ele em seu Caminho:
sua Cara limpa e forte
sela o sangue em Alvo linho.
Já o Madeiro o recebe.
Joga a Sorte o povo cego.
Traspassam seus Pés de Cravos,
e as Mãos sagradas de Pregos.
Em vez de Vinho, o Vinagre
sua Sede castigou.
Ferro afiado da Lança
seu Coração traspassou.
Chega o Gavião da Morte:
o sangue já se lhe esvai:
mais que do Ferro dos cravos
morre da falta do Pai.
E foi assim que O matamos,
mas Ele ressuscitou.
Subiu num Carro de Fogo
e o Sol o transfigurou.

Ariano criou um protagonista e narrador fantasioso, Dom Pedro Dinis Quaderna, fiscal de impostos e bibliotecário de Taperoá, contador de histórias irremediavelmente embriagado pelo vinho do Rio Grande e pelas epopeias sertanejas e ibéricas. O projeto original era batizar a trilogia de “Quaderna, o decifrador”, que compreenderia os livros “A Pedra do Reino”, “O rei degolado” e “Sinésio, Alumioso”. Mas não conseguiu concluí-lo. Nesse ínterim, o escritor empilhou uma quantidade enorme de textos datilografados que o mercado consumidor de cultura não deu conta de absorver. Assim, ficaram pelo caminho diversas aventuras.
Depois de sua morte, a família passou a divulgar centenas de datiloscritos inéditos. Para coordenar e fixar os textos, os herdeiros acertaram a publicação com a editora Nova Fronteira e convidaram um amigo de Ariano, o crítico Carlos Newton Júnior, professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco.
TEATRO
Em 1946, estreou a peça Auto da Compadecida, sua primeira comédia no Recife. A peça foi zombada pela imprensa e não agradou o público. Em janeiro de 1957, ganhou um festival de teatro amador no Rio de Janeiro como melhor espetáculo, direção e atriz. O livro foi publicado meses depois pela editora Agir.
Um de seus escritos foi adaptado para o teatro na peça Auto de João da Cruz, de 1950, e quando redescoberto em 2018, ganhou uma montagem da Cia. OmondÉ em janeiro de 2020 no Rio de Janeiro.
no primeiro trimestre de 1958, estrearam duas outras comédias de Ariano: O casamento supeitoso e O santo e a porca.
Em 1959, ao lado do parceiro Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do Nordeste. A primeira peça encenada foi a Farsa da Boa Preguiça (1960). No espaço Ariano desenvolveu o seu lado dramaturgo.
O jovem autor, agora com 41 anos saiu da zombaria para se tornar um dos maiores escritores/dramaturgos brasileiro

"As peças, poemas e romances engavetados permitem revelar a dimensão totalizante de Ariano".
- Carlos Newton Júnior
Em 2017, o professor lançou o inédito “Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores”. Esta obra foi concebida como uma sequência de “A Pedra do Reino”, que assim foi dotada de uma nova arquitetura. Em 2018 foi editado o “Teatro Completo”, com oito peças inéditas. Uma delas, “Auto de João da Cruz”, de 1950, ganhou encenação no ano seguinte, e ainda percorre o Brasil. Agora é chegada a vez da ficção e dos poemas. O romance “O Sedutor do sertão" ou "O grande golpe da mulher e da malvada” acaba de ser lançado. O texto, escrito em março de 1966 em apenas 27 dias, faz parte do ciclo de “A Pedra do Reino” e pode ser lido como um adendo ao romance principal – ou um spin off, como se diz hoje.
Outra narrativa que integraria “A Pedra do Reino” é o romance “As infâncias de Quaderna”, inédito em livro, e publicado em folhetins no “Diário de Pernambuco” entre 2 de maio de 1976 e 19 de junho de 1977, a sair em volume em 2021. Ambos os romances comporiam a segunda parte de “O rei degolado”, que ficou incompleto.
Até o fim deste ano, deve sair a produção menos conhecida de Suassuna: a “Poesia Completa”, com abundante material inédito, como o poema cantável “Canto popular da paixão”, aqui publicado.

MINISSÉRIE
A adaptação televisiva do romance “A pedra do reino” foi ao ar pela TV Globo em 2007. Ela contou com direção de Luiz Fernando Carvalho e o ator Irandhir Santos no papel de Quaderna. A reorganização da obra, a partir da inclusão de textos desconhecidos, abre espaço para interpretações inauditas.
"O que se evidencia é que as histórias de Ariano são modulares e giram em torno do mesmo núcleo, a mesma paisagem e galeria de personagens”
- Carlos Newton Júnior.
É como se o menino Ariano exorcizasse, por meio das epopeias em cordel que lia e transfigurava, o assassinato do pai, o governador João Suassuna, e as revoltas que se deram no início da Revolução de 1930.

“Trata-se de um mundo imaginário arraigado na infância vivida no sertão da Paraíba, transpassado de tramas políticas e peripécias de cavalaria.”
- Carlos Newton Júnior

“O Sedutor do sertão” é inspirado em um trecho de “Os sertões”, de Euclides da Cunha. Nele, Antônio Conselheiro manda esvaziar os barris de cachaça de mercadores em busca de consumidores do arraial de Canudos. Já o entrecho de Suassuna é ambientado na “Guerra de Princesa”, em 1930, revolta antigetulista urdida por clãs sertanejos, entre eles o de Suassuna. Parte do enredo se baseia na peça “O desertor de Princesa” (1958).
O herói é o valente Malaquias Pavão, um dos doze irmãos bastardos de Quaderna, vendedor de cachaça e admirador de Silviana, mulher do vilão Sinfrônio Perigo. Ao modo do Conselheiro, o arcebispo autocoroado rei de Princesa manda esvaziar as ânforas de cachaça do protagonista. Mas nem tudo está perdido. Malaquias dá vazão a seu lirismo ao trocar com Sinfrônio o seu cavalo Rei de Ouro pela posse de Silviana. Suassuna pretendia converter a história em filme, mas desistiu.
A narrativa é tipicamente popular sertaneja como heroica, mais direta e acessível, que ele talvez colocasse na boca do narrador Quaderna. O livro pode atrair os leitores jovens, mesmo que soe hoje politicamente incorreto. Na caatinga dos anos 1930, era comum negociar cavalo por mulher. O escritor é o repórter de seu tempo.
Saiba mais sobre essa belíssima obra (aqui)
Uma vida em público
Os pais - Rita de Cássia Dantas Villar e João Suassuna tiveram Ariano no dia 16 de junho de 1927. O casal pertencia à oligarquia paraibana: João foi governador da Paraíba e se opôs à urbanização do estado.
O trauma infantil - Ariano em 1928: a morte do pai, assassinado em 1930, influenciou profundamente as suas narrativas, ambientadas no sertão da Paraíba
2 de 8 Trauma infantil - Ariano em 1928: a morte do pai, assassinado em 1930, influenciou profundamente as suas narrativas, ambientadas no sertão da Paraíba
Casa natal - Ariano nasceu em João Pessoa-PB, mas manteve uma ligação com o sertão. Ao longo da vida, revezou temporadas na capital e em Taperoá, onde manteve a fazenda familiar.
Casamento - Ariano Suassuna e Zélia de Andrade Lima casaram-se em 1957 e tiveram seis filhos. Zélia foi a sua primeira namorada.
Do casamento com Zélia Suassuna, que durou a vida inteira, nasceram seis filhos e umas série de netos.

Ariano Vilar Suassuna nasceu no dia 16 de junho de 1927 em Nossa Senhora das Neves (onde atualmente é João Pessoa), capital da Paraíba.
Era filho do casal Cássia Villar e do político João Suassuna. Quando Ariano tinha um ano o pai deixou o governo da Paraíba e foram todos os membros da família viver na Fazenda Acauhan.
João Suassuna foi assassinado por razões políticas quando Ariano tinha três anos o que levou a família a se mudar para Taperoá onde viveu entre 1933 e 1937.
Quando tinha quinze anos o futuro escritor foi viver no Recife onde fez o ensino médio. Cursou a faculdade de direito e, com um colega, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, para onde escreveu as primeiras peças.
Seu primeiro trabalho no teatro - a peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) - aconteceu em 1948.
Em 1956 Ariano deixou o Direito de lado para se dedicar exclusivamente à literatura. Virou professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco onde atuou durante quase quatro décadas tendo se aposentado pela mesma instituição em 1994.
Ao longo da extensa carreira esteve envolvido com o teatro, com a ficção e também com a política.
Em termos literários sempre criou fazendo uso de elementos locais, nordestinos, valorizando a cultura regional. Sobre o processo de criação literário, Ariano dizia:
Era filho do casal Cássia Villar e do político João Suassuna. Quando Ariano tinha um ano o pai deixou o governo da Paraíba e foram todos os membros da família viver na Fazenda Acauhan.
João Suassuna foi assassinado por razões políticas quando Ariano tinha três anos o que levou a família a se mudar para Taperoá onde viveu entre 1933 e 1937.
Quando tinha quinze anos o futuro escritor foi viver no Recife onde fez o ensino médio. Cursou a faculdade de direito e, com um colega, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, para onde escreveu as primeiras peças.
Seu primeiro trabalho no teatro - a peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) - aconteceu em 1948.
Em 1956 Ariano deixou o Direito de lado para se dedicar exclusivamente à literatura. Virou professor de Estética na Universidade Federal de Pernambuco onde atuou durante quase quatro décadas tendo se aposentado pela mesma instituição em 1994.
Ao longo da extensa carreira esteve envolvido com o teatro, com a ficção e também com a política.
Em termos literários sempre criou fazendo uso de elementos locais, nordestinos, valorizando a cultura regional. Sobre o processo de criação literário, Ariano dizia:
"Todas as histórias contadas por mim são recriações de histórias populares ou de histórias pessoais. Eu tinha alguns encantamentos na infância. Entre esses, os mais fortes eram o circo e a leitura. Todo esse mundo renasce anos depois quando estou escrevendo um livro."
Ariano foi um homem bastante engajado com a política - apoiador convicto de Lula (Luís Inácio Lula da Silva), defendeu o ex presidente do Brasil em todos os momentos, inclusive diante dos escândalos políticos que balançaram o seu então governo. Em uma série de entrevistas Ariano afirmou publicamente que Lula foi o maior Presidente que o Brasil já teve.
MOVIMENTO ARMORIAL
Lançado em 18 de outubro de 1970, no Recife, o movimento armorial estava ligado à cultura e tinha Ariano Suassuna como um dos seus principais líderes. O Movimento procurava estimular as diversas formas de expressão populares tradicionais.
O Movimento foi lançado com um concerto chamado Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial que foi acompanhado por uma exposição de gravura, pintura e escultura. Durante esse período Ariano Suassuna esteve envolvido na política tendo sido membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967 até 1973) e posteriormente Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco durante o Governo Miguel Arraes (1994 a 1998).
A ideia de promover a cultura nacional sob as várias formas - literatura, música, teatro, dança, artes plásticas - tocava especialmente Ariano Suassuna que sempre foi avesso à internacionalização. É dele a seguinte crítica:
O Movimento foi lançado com um concerto chamado Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial que foi acompanhado por uma exposição de gravura, pintura e escultura. Durante esse período Ariano Suassuna esteve envolvido na política tendo sido membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967 até 1973) e posteriormente Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco durante o Governo Miguel Arraes (1994 a 1998).
A ideia de promover a cultura nacional sob as várias formas - literatura, música, teatro, dança, artes plásticas - tocava especialmente Ariano Suassuna que sempre foi avesso à internacionalização. É dele a seguinte crítica:
"O Brasil tem uma unidade em sua diversidade. A gente respeita a cultura gaúcha, nordestina, amazônica. O que é ruim é este achatamento cosmopolita. Você liga a televisão e não consegue distinguir se um cantor é alemão, brasileiro ou americano, porque todos cantam e se vestem do mesmo jeito."
- Ariano Suassuna
Ariano Suassuna foi eleito para a academia no dia 3 de agosto de 1989 tendo tomado posse no dia 9 de agosto de 1990.
Imortal na ABL - Em 1990, é eleito para Academia Brasileira de Letras, foi o sexto ocupante da cadeira 32, cujo patrono é Manuel de Araújo Porto Alegre. Tendo sido antecedido por Genolino Amado e sucedido por Zuenir Ventura.
MORTE
O escritor faleceu vítima de parada cardíaca no dia 23 de julho de 2014 aos 87 anos no Recife.
ALGUMAS FRASES DE ARIANO SUASSUNA
"Eu não tenho imaginação, eu copio. Tenho simpatia por mentiroso e doido. Como sou do ramo, identifico mentiroso logo."
"O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso."
"Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa."
"Acredito que toda arte é local, antes de ser regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal."
"Não tenho medo da morte. Na minha terra, a morte é uma mulher e se chama Caetana. E o único jeito de aceitar essa maldita é pensando que ela é uma mulher linda."
"Os doidos perderam tudo, menos a razão. Têm uma (razão) particular. Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outras."

Ariano Suassuna escreveu muito ao longo de toda a sua carreira. Suas publicações atravessam os gêneros literários e, para além da ficção e do teatro, o criador também deu à luz a poemas e ensaios. Suas obras foram traduzidas para o alemão, para o espanhol, para o francês, para o holandês, para o inglês, para o italiano e para o polonês.
No fim da vida, consagrado, participou de vários eventos, como em 1997, no teatro Brincante em São Paulo
POEMA INÉDITO
CANTO POPULAR DA PAIXÃO
(Poema Cantável)
CORO: Com o Manto Escarlate do Sangue do Rei lá vai o Coroado
para a Cruz que lhe forjei.
ESTROFES:
Cravo Roxo dolorido
nunca fez mal a ninguém
mas a Pantera da Morte
há de sangrá-lo também.
Cortou-lhe a Carne sem mancha
a correia da Chibata.
Suou sangue em Gota Forte,
brilha o sangue em luz de Prata.
Nossa Maldade tirana
quis assim vê-la sangrada:
de uma Coroa de Espinhos
vai-lhe a Fronte cravejada.
Sete Quedas matadeiras
levou Ele em seu Caminho:
sua Cara limpa e forte
sela o sangue em Alvo linho.
Já o Madeiro o recebe.
Joga a Sorte o povo cego.
Traspassam seus Pés de Cravos,
e as Mãos sagradas de Pregos.
Em vez de Vinho, o Vinagre
sua Sede castigou.
Ferro afiado da Lança
seu Coração traspassou.
Chega o Gavião da Morte:
o sangue já se lhe esvai:
mais que do Ferro dos cravos
morre da falta do Pai.
E foi assim que O matamos,
mas Ele ressuscitou.
Subiu num Carro de Fogo
e o Sol o transfigurou.
SUAS PRINCIPAIS OBRAS
- A história do amor de Fernando e Isaura (1956)
- Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971)
- As Infâncias de Quaderna (Folhetim semanal no Diário de Pernambuco, 1976-77)
- História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1977)
- Fernando e Isaura (1956)
- Peças de teatro
- Uma Mulher Vestida de Sol (1947)
- Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) (1948)
- Os Homens de Barro (1949)
- Auto de João da Cruz (1950)
- Torturas de um Coração (1951)
- O Arco Desolado (1952)
- O Castigo da Soberba (1953)
- O Rico Avarento (1954)
- Auto da Compadecida (1955)
- O Casamento Suspeitoso (1957).
- O Santo e a Porca, imitação nordestina de Plauto (1957)
- O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna (1958)
- A Pena e a Lei (1959)
- Farsa da Boa Preguiça (1960)
- A Caseira e a Catarina (1962)
- As Conchambranças de Quaderna (1987)
- A História de Amor de Romeu e Julieta (1997)
- A poesia de Ariano Suassuna
- Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971)
- As Infâncias de Quaderna (Folhetim semanal no Diário de Pernambuco, 1976-77)
- História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1977)
- Fernando e Isaura (1956)
- Peças de teatro
- Uma Mulher Vestida de Sol (1947)
- Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) (1948)
- Os Homens de Barro (1949)
- Auto de João da Cruz (1950)
- Torturas de um Coração (1951)
- O Arco Desolado (1952)
- O Castigo da Soberba (1953)
- O Rico Avarento (1954)
- Auto da Compadecida (1955)
- O Casamento Suspeitoso (1957).
- O Santo e a Porca, imitação nordestina de Plauto (1957)
- O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna (1958)
- A Pena e a Lei (1959)
- Farsa da Boa Preguiça (1960)
- A Caseira e a Catarina (1962)
- As Conchambranças de Quaderna (1987)
- A História de Amor de Romeu e Julieta (1997)
- A poesia de Ariano Suassuna
A obra A poesia de Ariano Suassuna é a menos conhecido por seus versos do que pelas suas peças de teatro, a obra poética do autor nordestino é caracterizada pela sua complexidade e pelo seu hermetismo. Seus versos - muitas vezes biográficos - são densos, cheio de significados e bebem muito da tradição popular brasileira (especialmente a do sertão nordestino) embora faça uso de referência eruditas.
Com poemas construídos com base na oralidade, Ariano, muitas vezes, mesclou cenas reais com cenários imaginados, inteiramente fantasiosos - a maior parte da sua criação lírica girou em torno dos temas do exílio, do reino, da origem e da figura do pai. Em relação ao formato da escrita, os versos são conhecidos por carregarem elementos do barroco.
Conheça o poema AQUI MORAVA UM REI
Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.
Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.
Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.
As suas obras de poesia publicadas foram:
- O Pasto Incendiado (1945-70)
- Sonetos com Mote Alheio (1980)
- Sonetos de Albano Cervonegro (1985)
- Seleta em Prosa e Verso (1974)
- Poemas (1999)
- CD – Poesia Viva de Ariano Suassuna (1998)
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.
Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.
Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.
As suas obras de poesia publicadas foram:
- O Pasto Incendiado (1945-70)
- Sonetos com Mote Alheio (1980)
- Sonetos de Albano Cervonegro (1985)
- Seleta em Prosa e Verso (1974)
- Poemas (1999)
- CD – Poesia Viva de Ariano Suassuna (1998)
Fonte: Pesquisa em sites diversos na internet