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[RESENHA] Estamos Bem

Marin deixou tudo para trás. A casa de seu avô, o sol da Califórnia, o corpo de Mabel e o último verão agora são fantasmas que ela não quer revisitar. O retrato de uma história em que já não se reconhece mais. Ninguém nunca soube o motivo de sua partida. Nada se sabe sobre a verdade devastadora que destruiu sua vida.

Agora, ela vive em um alojamento vazio e está sozinha no inverno de Nova York. Marin está à espera da visita de sua melhor amiga e do inevitável confronto com o passado. As palavras que nunca foram ditas finalmente se farão presentes para tirá-la das profundezas de sua solidão.

Estamos bem é um sussurro íntimo embalado por um soco indelével. Nina LaCour retrata a elaboração do sofrimento de forma bela e dolorosamente sincera, provocando um desejo pungente de atravessar qualquer distância para se reconectar com quem ama.

28/01/2019

O livro Estamos Bem é uma exploração do luto. Enquanto traçamos a lenta aceitação de Marin pela morte de seu avô, também lidamos com a amizade desmoronada com a melhor amiga Mabel e o início de uma nova com Hannah. 

Poucos meses após a morte do avô de Marin, nossa protagonista, vai enfrentar muitas dificuldades depois que escolheu se isolar de seus amigos e todos que se preocupavam profundamente com ela. Tendo perdido a mãe quando criança, Marin não é estranha à tristeza, mas perder o avô parece ter um efeito inexplicável em sua saúde mental, emocional e bem-estar, a ponto de isolar até sua melhor amiga, Mabel, uma garota com quem ela teve um relacionamento romântico. 

Logo após saber da morte de seu avô, Marin reorganiza seu vôo para Nova York, onde começará a faculdade em breve e deixa tudo o que sabia para trás. A história começa com a chegada de Mabel à sua residência estudantil nas férias do Natal.


No centro está o mistério de por que Marin saiu tão abruptamente. Por que ela recusou o apoio de sua comunidade unida e fugiu. Essa informação é revelada em flashbacks, permitindo que a poderosa metáfora do clima contrastante represente a psique quebrada de Marin.

Iniciamos a leitura em dezembro, na cidade de Nova York. Há uma tempestade de inverno prevista, e a atitude confusa de Marin em relação à neve reflete seu senso de deslocamento e alienação. Tudo nessa vida parece surreal - faculdade, estranhos, cidade grande e frio.

Voltamos à Califórnia no verão. Nesses capítulos, sentimos calor, segurança, proteção. Embora a antiga vida em casa de Marin seja estranha, ela também é maravilhosamente familiar. A vida com o vovô tem ritmos naturais, e Mabel é uma presença constante. Eles são melhores amigos, confidentes e talvez algo mais? Os pais de Mabel tratam Marin como uma família, tudo está no seu lugar. É impossível imaginar que após uma passagem de tempo - quatro meses - eles não tenham falado nada! 

A narrativa muitas vezes é baseada em  flashbacks -  entre o passado e os dias atuais da protagonista -  isso, possibilita o leitor a descobrir os diferentes aspectos da vida de Marin e explorar o relacionamento que ela tem com Mabel. Percebemos  como a amizade delas floresceu do nada para se tornar forte, amorosa e confiante. E como essa mesma amizade se desfez após o desaparecimento do avô de Marin. Testemunhamos a reconstrução desse relacionamento,de forma lenta e delicada, culminando em um tipo totalmente diferente de vínculo. 

Quando passamos novamente pelo tempo cronológico de maio para junho,a trama começa a ganhar um novo contexto, e ao chegarmos em julho começamos a juntar as peças de "quebra-cabeça", os retalhos da tapeçaria de suas vidas.


A dor de Marin é profunda. Mas chegamos a perceber que é mais do que apenas a morte de seu avô. É o que ela descobre sobre a vida dele que a sacode. 

LaCour mantém esses fatos longe de nós durante boa parte do romance, por isso é importante permanecer no "escuro" até que ela esteja pronta para revelá-los. A essa altura, sabemos muito mais sobre a vida de Marin, antes e depois, e sabemos que a solidão dela é bem diferente de estar sozinha. Essa ideia muito sutil de desaparecer, não apenas daqueles que a amam, mas também desaparecer de dentro de si mesma, desaparecer para que ela não se sinta tão sozinha, que é explorada em palavras incisivas e nítidas.

O leitor vai sentir toda a tristeza de Marin, mas quando ela enfrenta a confusão de Mabel, também vemos como sua perspectiva muda, como ela vê as conseqüências de seu desaparecimento e como ela tenta reconhecer seus erros. O título é usado poderosamente para representar uma verdade que esperamos ser real - Eles ficarão bem.


We Are Okay. Estamos bem.

Eu deixei de fora muitos detalhes - a escrita de cartas, a trágica morte da mãe de Marin anos atrás, a bondade de Hannah e a atração de Marin por meninas -  é melhor ler isso pessoalmente! Esta é uma leitura imersiva. Você se afoga na tristeza de Marin, respira a felicidade do Verão e lamenta sua perda da inocência. Nas últimas páginas, você pode estar chorando e rindo ao mesmo tempo. Mas eu desafio você a se afastar do livro sem sentir nada, porque o livro nos traz uma experiência tão forte de emoção. As idéias e mudanças de Marin são claras e verdadeiras. Ela ficará bem. Todos ficarão bem.  Obrigado Senhor.

Eu achei a obra muito bonita e profunda. Altamente recomendada para o público jovens adultos, pois eles gostam de ler histórias com honestidade emocional. No livro não há muito enredo, e a ação é lenta e pontuada com tristeza, mas também é repleta de sabedoria.


O último romance de Nina LaCour, Estamos Bem,  tem uma capa impressionante que provavelmente atrairá os olhos dos leitores para uma segunda olhada. A cama empurrada contra um oceano azul-petróleo reflete a mentalidade tumultuada da protagonista e os sentimentos de insegurança e confusão que ela experimenta. É uma maravilha.



Romance, Ficção| 224 Páginas|  Editora Plataforma 21

Estamos Bem

Nina LaCour

Ano 2017


© Entre Linhas e Rabiscos por Maria Menezes - 2017. Todos os direitos reservados.
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