Livros e seus destinos inspiradores!
REPÚBLICA TCHECA

13/10/2017
“Ler é viajar sem sair do lugar”
A República Tcheca é um país de leitores.
Ônibus, metrô, trem… parece que por aqui esses sim são os lugares perfeitos para encontrar livros. Confortavelmente sentados ou se equilibrando em pé, eis aí a comunidade de tchecos leitores. Uma classe que não faz distinções; seja a adolescente punk, o executivo atrasado ou a senhora idosa com sacolas de compras, um livro ou um podem muito bem estar nas mãos de qualquer um deles.
Como os tchecos se tornaram devoradores de livros?
Há quem declare que o gosto pela leitura é um efeito colateral remanescente do regime comunista. Com o clima de repressão que reinava, mergulhar na leitura de um bom livro era como fugir um pouco da realidade. Por outro lado, a mesma repressão e acesso limitado ao que vinha de fora fazia da leitura um caminho para um conhecimento não acessível.
Ônibus, metrô, trem… parece que por aqui esses sim são os lugares perfeitos para encontrar livros. Confortavelmente sentados ou se equilibrando em pé, eis aí a comunidade de tchecos leitores. Uma classe que não faz distinções; seja a adolescente punk, o executivo atrasado ou a senhora idosa com sacolas de compras, um livro ou um podem muito bem estar nas mãos de qualquer um deles.
Como os tchecos se tornaram devoradores de livros?
Há quem declare que o gosto pela leitura é um efeito colateral remanescente do regime comunista. Com o clima de repressão que reinava, mergulhar na leitura de um bom livro era como fugir um pouco da realidade. Por outro lado, a mesma repressão e acesso limitado ao que vinha de fora fazia da leitura um caminho para um conhecimento não acessível.
Através dos livros, os autores tchecos levarão você à atmosfera histórica, poética e bela do país.
Conheça a República Tcheca através da literatura, com obras de autores reconhecidos que apresentam toda à atmosfera histórica, poética e realista do país. Para conhecer um pouco melhor a cidade de Praga e seu ambiente passado e presente, recomendo livros como Gólem, de Gustav Meyrink, ou o divertido romance policial The Mill of Mummies, de Petr Stančík. O autor fornece tantas pistas em suas páginas que se pode visitar Praga seguindo os passos de seu personagem principal. Dois outros romances intrigantes são The Violinist in Prague, de Michael Crane, publicado em 2010, e Star Hour of the Assassins, de Pavel Kohout, publicado em 2006.
Já, os amantes da história não devem deixar de ler obras como O Dinheiro de Hitler, de Radka Denemarková, que aborda os judeus alemães na Tchecoslováquia após a Segunda Guerra Mundial. Sweets from My Childhood, de Dominika Dery, mostra a penúria de uma família durante o governo soviético da antiga Tchecoslováquia. Já o escritor e editor Ivan Klíma compilou 25 artigos, palestras e outros textos em The Spirit of Prague. Através de suas experiências durante a ocupação nazista, os campos de concentração, o regime comunista e até a primavera de Praga, podem ser reconstruídos 50 anos de história.
Outra leitura obrigatória é O poder dos impotentes, de Václav Havel, um ensaio considerado um verdadeiro manifesto de dissidência em vários países comunistas. Um pouco mais romanceado, mas no contexto do Pacto de Varsóvia, é o livro Missões Noturnas, um trabalho em que Jáchym Topol compartilha a angústia desse episódio sombrio no país. Com um tom humorístico, Bohumil Hrabal também narra episódios de resistência contra os invasores alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, em Trens Rigorosamente Vigiados.
Também vale a pena descobrir Jan Neruda, um autor tcheco do final do século XIX que escreveu Contos de Malá Strana (Editora Record, 2011), em cuja obra ele mostra um retrato poético e crítico dos moradores de seu bairro. Menos apegado à realidade é Karel Čapek, um escritor que encantará os amantes de ficção científica em RUR, a Fábrica de Robôs (Hedra, 2011) e em A Guerra das Salamandras (Editora Record,2010).
Outros títulos que podem fazer milagres para preencher o tempo livre são The Shit Burns (1994), de Petr Šabach, um autor contemporâneo da República Tcheca, com vários best-sellers e O Lago, de Bianca Bellová, o livro mais traduzido em outros idiomas nos últimos tempos. É o quarto romance desta autora tcheca que recebeu o Prêmio de Literatura concedido pela Comissão de Cultura da União Europeia. Temas sociopolíticos subjacentes ao trabalho e outros tão atuais quanto a ecologia são abordados, uma ótima opção para fechar a viagem para a República Tcheca através da literatura.
Conheça a República Tcheca através da literatura, com obras de autores reconhecidos que apresentam toda à atmosfera histórica, poética e realista do país. Para conhecer um pouco melhor a cidade de Praga e seu ambiente passado e presente, recomendo livros como Gólem, de Gustav Meyrink, ou o divertido romance policial The Mill of Mummies, de Petr Stančík. O autor fornece tantas pistas em suas páginas que se pode visitar Praga seguindo os passos de seu personagem principal. Dois outros romances intrigantes são The Violinist in Prague, de Michael Crane, publicado em 2010, e Star Hour of the Assassins, de Pavel Kohout, publicado em 2006.
Já, os amantes da história não devem deixar de ler obras como O Dinheiro de Hitler, de Radka Denemarková, que aborda os judeus alemães na Tchecoslováquia após a Segunda Guerra Mundial. Sweets from My Childhood, de Dominika Dery, mostra a penúria de uma família durante o governo soviético da antiga Tchecoslováquia. Já o escritor e editor Ivan Klíma compilou 25 artigos, palestras e outros textos em The Spirit of Prague. Através de suas experiências durante a ocupação nazista, os campos de concentração, o regime comunista e até a primavera de Praga, podem ser reconstruídos 50 anos de história.
Outra leitura obrigatória é O poder dos impotentes, de Václav Havel, um ensaio considerado um verdadeiro manifesto de dissidência em vários países comunistas. Um pouco mais romanceado, mas no contexto do Pacto de Varsóvia, é o livro Missões Noturnas, um trabalho em que Jáchym Topol compartilha a angústia desse episódio sombrio no país. Com um tom humorístico, Bohumil Hrabal também narra episódios de resistência contra os invasores alemães, durante a Segunda Guerra Mundial, em Trens Rigorosamente Vigiados.
Também vale a pena descobrir Jan Neruda, um autor tcheco do final do século XIX que escreveu Contos de Malá Strana (Editora Record, 2011), em cuja obra ele mostra um retrato poético e crítico dos moradores de seu bairro. Menos apegado à realidade é Karel Čapek, um escritor que encantará os amantes de ficção científica em RUR, a Fábrica de Robôs (Hedra, 2011) e em A Guerra das Salamandras (Editora Record,2010).
Outros títulos que podem fazer milagres para preencher o tempo livre são The Shit Burns (1994), de Petr Šabach, um autor contemporâneo da República Tcheca, com vários best-sellers e O Lago, de Bianca Bellová, o livro mais traduzido em outros idiomas nos últimos tempos. É o quarto romance desta autora tcheca que recebeu o Prêmio de Literatura concedido pela Comissão de Cultura da União Europeia. Temas sociopolíticos subjacentes ao trabalho e outros tão atuais quanto a ecologia são abordados, uma ótima opção para fechar a viagem para a República Tcheca através da literatura.
Conheça alguns clássicos e novidades literárias que são um convite à viagem.
Existem dois grandes grupos de escritores Tchecos delineados de forma quase antagônica:
1 - Os escritores que o Mundo conhece, e os escritores que os Tchecos consideram os melhores. Entre os primeiros contam-se Franz Kafka, de certa forma renegado pelos Tchecos pela sua origem cultural e pela língua alemã que sempre usou em suas obras, assim como Milan Kundera, também pouco considerado entre os Tchecos, por uma intrincada teia de razões, das quais destacaria a sua “fuga” para França após 1968, e a adoção da língua francesa nos seus últimos livros e mais divulgados trabalhos.
2 - A minha amiga tcheca (eu só tenho uma única amiga naquele lindo país) sugeriu uma série de nomes, alguns dos quais eu nunca tinha ouvido falar: Pavel Tigrid, Jirásek, Němcová, Erben, Jaroslav Hašek, Poláček, Ota Pavel, Jaroslav Seifert, Havlíček, Ivan Klíma, Hynek Mácha. Esses escritores (indicação de Alexandra), não tem suas obras traduzidas no português do Brasil, mas alguns de seus livros podem ser encontrados em livrarias virtuais, traduzidos em inglês.
The Poetry, de Jaroslav Seifert - É a melhor e mais traduzida edição de poesia do único poeta vencedor do Prêmio Nobel da República Tcheca. Seifert (ganhou o prêmio em 1984 e morreu em 1986). A poesia é surpreendente em sua simplicidade: sensual, atenciosa, comovente e cômica. O autor Milan Kundera chamou essa coleção de "a expressão tangível da genialidade da nação".
Pesquisei em sites de literatura e encontrei um artigo no site do Consulado Geral da República Tcheca em São Paulo, artigo título: Títulos da literatura tcheca traduzidos para português e publicados no Brasil - que se refere a livros de escritores tchecos traduzidos para português e publicados no Brasil. Veja alguns títulos.
- A Avó - Lembranças de uma Vida de Menina, de Božena Němcová.
- Cartas a Olga, de Václav Havel.
- A Primavera de Praga, de Pavel Tigrid.
- Nem Santos Nem Anjos, de Ivan Klíma
- Vestígios de Praha, de Jan Neruda.
P.S.: Veja a lista completa dos livros publicados no artigo mencionado (aqui)
Essas obras são muito boas:
Autor(a): Franz Kafka
Autor(a): Umberto Eco
Essas obras são muito boas:

O Processo
Autor(a): Franz Kafka
Este livro conta o aterrorizante drama de Josef K., o respeitável funcionário de um banco que é preso de modo súbito e estranho, e deve defender-se contra uma acusação que nunca lhe é formalmente apresentada. Aclamada em todo o mundo, esta história assombrosamente verossímil é uma das mais originais e importantes criações literárias do nosso tempo.
A história de Josef K. atravessa os anos sem perder nada do seu vigor. Ao contrário, a banalização da violência irracional no século XX acrescentou a ela o fascínio dos romances realistas. Na sua luta para descobrir por que o acusam, por quem é acusado e que lei ampara a acusação, K. defronta permanentemente com a impossibilidade de escolher um caminho que lhe pareça sensato ou lógico, pois o processo de que é vítima segue leis próprias: as leis do arbítrio.
A história de Josef K. atravessa os anos sem perder nada do seu vigor. Ao contrário, a banalização da violência irracional no século XX acrescentou a ela o fascínio dos romances realistas. Na sua luta para descobrir por que o acusam, por quem é acusado e que lei ampara a acusação, K. defronta permanentemente com a impossibilidade de escolher um caminho que lhe pareça sensato ou lógico, pois o processo de que é vítima segue leis próprias: as leis do arbítrio.
O Cemitério De Praga
Autor(a): Umberto Eco
Um trabalho memorável de Umberto Eco em sua melhor forma. Um tratado sobre o mecanismo do ódio, e espécie de síntese da história do preconceito, o livro causou desconforto em setores mais conservadores da sociedade italiana, principalmente entre religiosos, por misturar personagens históricos a um anti-herói fictício, cínico e maquiavélico, capaz de tudo para conseguir se vingar de padres, jesuítas, comunistas, mas, principalmente, dos judeus. Repleto de teorias da conspiração, falsificações, assuntos maçônicos e detalhes da unificação italiana, é no antisemitismo que repousa o coração da narrativa.
O cemitério de Praga também lembra um dos mais impressionantes episódios de falsificação da história: Os protocolos dos sábios de Sião, um texto forjado pela polícia secreta do Czar Nicolau II para justificar a perseguição aos judeus. Os escritos, que se acredita terem sido baseados em um texto francês ― Diálogos no inferno entre Maquiável e Montesquieu ― descreviam um suposto plano para a dominação mundial pelos israelitas. E serviriam de inspiração a Hitler para os campos de concentração. O odioso Simonini, que o próprio autor define como um dos mais repulsivos personagens literários já criados, é um mestre do disfarce e da conspiração. Um falsário a serviço de vários governos. Do nordeste italiano até a Sicília de Garibaldi, das favelas de Paris às tabernas alemãs, passando por missas negras, o bombardeio a Napoleão III, a Comuna de Paris, o caso Dreyfus, o Ressurgimento, Simonini é todas as revoluções, as más escolhas, os erros do século XIX, que Eco reconstrói com grande rigor histórico, entre tomadas de poder e revoluções.
Com ares de novo clássico, O cemitério de Praga leva as mentiras históricas a novos patamares e revela, ainda, ferramentas usadas por falsários e propagandistas.
O cemitério de Praga também lembra um dos mais impressionantes episódios de falsificação da história: Os protocolos dos sábios de Sião, um texto forjado pela polícia secreta do Czar Nicolau II para justificar a perseguição aos judeus. Os escritos, que se acredita terem sido baseados em um texto francês ― Diálogos no inferno entre Maquiável e Montesquieu ― descreviam um suposto plano para a dominação mundial pelos israelitas. E serviriam de inspiração a Hitler para os campos de concentração. O odioso Simonini, que o próprio autor define como um dos mais repulsivos personagens literários já criados, é um mestre do disfarce e da conspiração. Um falsário a serviço de vários governos. Do nordeste italiano até a Sicília de Garibaldi, das favelas de Paris às tabernas alemãs, passando por missas negras, o bombardeio a Napoleão III, a Comuna de Paris, o caso Dreyfus, o Ressurgimento, Simonini é todas as revoluções, as más escolhas, os erros do século XIX, que Eco reconstrói com grande rigor histórico, entre tomadas de poder e revoluções.
Com ares de novo clássico, O cemitério de Praga leva as mentiras históricas a novos patamares e revela, ainda, ferramentas usadas por falsários e propagandistas.
As Aventuras De Um Soldado Svejk
Autor(a): Jaroslav Hasek
A Insustentável Leveza Do Ser
Autor(a): Milan Kundera
Autor(a): Jaroslav Hasek
Escrito pouco depois da Primeira Guerra Mundial, na qual o autor lutou, este romance impressionante está longe de ser mero "testemunho" da barbárie. Ele opta pelo cômico para refletir sobre o absurdo da guerra e dos regimes antidemocráticos, construindo uma figura memorável, o bravo soldado Švejk, que tem uma incrível e hilariante capacidade de se meter nas piores confusões. Personagem ambíguo, entre o tolo e o dissimulado, ele se envolve em inúmeras e impagáveis trapalhadas que, no entanto, não decorrem apenas de sua sagaz ingenuidade ou desastrada esperteza.
O mundo de Švejk é extremamente cruel; ruma para a destruição, apesar da aparente hilaridade que cerca a ele e seus inconstantes companheiros. Portanto, ao encarar esse mundo como objeto de ficção, o riso talvez não tenha sido apenas uma escolha de Jaroslav Hašek, mas a única forma de expressar uma visão implacável da humanidade.
Épico ao avesso, este romance de Jaroslav Hašek usa a comicidade para refletir sobre o absurdo da guerra.
O mundo de Švejk é extremamente cruel; ruma para a destruição, apesar da aparente hilaridade que cerca a ele e seus inconstantes companheiros. Portanto, ao encarar esse mundo como objeto de ficção, o riso talvez não tenha sido apenas uma escolha de Jaroslav Hašek, mas a única forma de expressar uma visão implacável da humanidade.
Épico ao avesso, este romance de Jaroslav Hašek usa a comicidade para refletir sobre o absurdo da guerra.

A Insustentável Leveza Do Ser
Autor(a): Milan Kundera
Sobre este romance, Italo Calvino escreveu: "O peso da vida, para Kundera, está em toda forma de opressão. O romance nos mostra como, na vida, tudo aquilo que escolhemos e apreciamos pela leveza acaba bem cedo se revelando de um peso insustentável. Apenas, talvez, a vivacidade e a mobilidade da inteligência escapam à condenação - as qualidades de que se compõe o romance e que pertencem a um universo que não é mais aquele do viver" (Seis propostas para o próximo milênio). O livro, de 1982, tem quatro protagonistas: Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.
Milan Kundera escreveu "a insustentável leveza do ser" tendo como pano de fundo a Primavera de Praga. O autor tcheco que mora há mais de 40 anos na França criou um trabalho imponente em dois mundos e idiomas.
Milan Kundera escreveu "a insustentável leveza do ser" tendo como pano de fundo a Primavera de Praga. O autor tcheco que mora há mais de 40 anos na França criou um trabalho imponente em dois mundos e idiomas.
Cartas a Olga
Autor(a): Václav Havel
Autor(a): Václav Havel
Ao contrário do que poderíamos supor, [as cartas de Havel não são um documento de langor melancólico, partido de um homem prostrado pelo tormento, mas relatos francos, que nos tiram o fôlego pela coragem resoluta, pela lucidez altiva, pela dignidade inquebrantável.
As características mais peculiares dos registros de Havel são o calor humano, a descrição bem concreta e crua das suas condições físicas e de ânimo e um imbalável sentido existencial de responsabilidade histórica, referido tanto a si e à sua obra quanto a seu tempo, à sua sociedade e a um sentido de cultura fundado sobre a construção solidária de uma liberdade contingente, de que é ele mesmo um dos mais sublimes propositores e fundadores. Estas Cartas representam, nesse sentido, o mais autêntico resgate daquele renascimento tcheco pioneiro, aquele grito rebelde jamais abafado, que proclamava a vontade irredutível da autonomia, na utopia plural, aberta e relativista de Praga.
As características mais peculiares dos registros de Havel são o calor humano, a descrição bem concreta e crua das suas condições físicas e de ânimo e um imbalável sentido existencial de responsabilidade histórica, referido tanto a si e à sua obra quanto a seu tempo, à sua sociedade e a um sentido de cultura fundado sobre a construção solidária de uma liberdade contingente, de que é ele mesmo um dos mais sublimes propositores e fundadores. Estas Cartas representam, nesse sentido, o mais autêntico resgate daquele renascimento tcheco pioneiro, aquele grito rebelde jamais abafado, que proclamava a vontade irredutível da autonomia, na utopia plural, aberta e relativista de Praga.